Microdose de PunkYoga #18
Cabeças sem corpo, ficção científica latino-americana & bruxaria pesada
Por onde andei…
🌟 Fui lembrado pelo Facebook de que esta humilde & cacofônica newsletter completou 6 anos em maio. Menina, fiquei passado! Coincidentemente, minha amiga Mari Vicente me deu um presente certeiro para comemorar a data. Ela fez duas ilustrações lindas e sombrias pro meu conto macabro de ficção científica Zé Ramalho Overdrive — o qual foi inspirado em uma história que a própria Mari me contou. Metalinguagem?
🤓 Depois que recebi as ilustras, deu vontade de reler meus quadrinhos do Daniel Clowes. Acho que o Como uma luva de veludo moldada em ferro foi a primeira graphic novel que eu li na vida. E ainda é a que eu mais gosto. É estranha, é perturbadora e faz remexer as minhas vísceras. Quem me apresentou, adivinha, foi a Mari — que é a única pessoa que consegue agrupar, no mesmo corpo, obsessão por true crime, vício em programas de fofoca e passos mágicos de flamenco.
🐍 Participei de uma conversa muito proveitosa com o Txarles, no Sinergia Podcast, falando sobre maconha, psicodélicos e ciência. Falei mais que o homem da cobra, affe. Mas foi ele que pediu.
🧐 A Mari também participou de uma edição do podcast do Txarles, falando sobre sua pesquisa de mestrado que investigou filmes latinoamericanos de ficção científica. Adorei o nome: O buen vivir e a descolonização do futuro. Baita conversa! Se tiver tempo de ouvir só um episódio, ouve o da Mari.
😎 Tenho várias fotos idiotas com a Mari, essa — que a gente tirou no dia do lançamento de uma coletânea de contos que eu participei — é a que eu mais gosto:
😎 Passei boa parte das últimas semanas escutando os dicos novos da Duda Beat (Tara e tal), da Céu (Novela) e da Anitta (Funk Generation). Achei um desbunde!
👽 Descobri, por uma indicação da minha antenadíssima amiga Lari, como baleias podem ensinar cientistas a falar com alienígenas.
🫨 Fiquei maravilhado com essa entrevista da pesquisadora Claudia Alexandre, da PUC-SP, que escreveu Exu-Mulher e o matriarcado nagô, sobre como o aspecto feminino de Exu foi apagado como estratégia de dominação.
😍 Escutei extasiado o podcast da minha amiga Julinha, que é fada e consultora da ONU. Bruxaria pesada! Esse episódio sobre a sincronicidade e o Tao é a coisa mais linda.
🤩 Soube que os astrônomos acharam dois aglomerados que contam a história do início do Universo, e que foram batizados de Shiva e Shakti, os deuses hindus da criação.
🤓 Assisi sorrindo a entrevista do físico Marcelo Gleiser no Roda Viva. Adoro como ele transforma ciência em poesia, trazendo uma visão que acomoda a espiritualidade dentro do laboratório.
🤓 Também vi a entrevista a Grada Kilomba no Roda Viva. Que aula!
😎 Viajei a Nova York pra acompanhar crianças em uma conferência simulada da ONU e contei o que rolou na Galileu.
🤓 Descobri que os Daniels, os quais citei na edição passada, dirigiram um monte de videoclips maneiros, entre eles, esse de Simple Song, do The Shins, que é uma aula de como contar uma história sem usar palavras.
🙃 Comecei o curso de documentário do Renato Terra e o curso de roteiro do Ricardo Tiezzi. Consegui terminar algum? A resposta é não.
🫨 Assisti Baby Rena e fiquei impressionado como alguém consegue escrever um negócio tão violentamente sincero sobre si mesmo.
🥳 Por alguma razão obscura, fiquei impactadíssimo com o Eurovision deste ano. Pela primeira vez, uma pessoa não binária venceu o concurso: foi Nemo, da Suiça, cantando Break the code. Fiquei me perguntando como é possível alguém cantar e girar em cima de um prato giggante ao mesmo tempo. Mereceu a vitória.
🤑 Fiquei muito curioso com o concurso, e decidi escutar essa edição do Xadrez Verbal, que fala de que forma os países usam o Eurovision como palco de disputa política e soft power.
🤓 Publiquei uma reportagem na Conectas sobre os 18 anos dos Crimes de Maio, um bagulho tão atroz cometido pela polícia, um episódio que expõe tanto o racismo descarado no Brasil, que dá vergonha de ser um humano.
🥳 Para coroar esses seis anos da newsletter, descobri que fiquei em décimo lugar no concurso de crônicas da Casa Brasileira de Livros, com um texto que eu publiquei aqui na PunkYoga: o Broca no crânio — que eu inscrevi com o título de O trepanado enxerga mais que o olho são, inspirado em um comentário do
. Obrigado, Laércio!Posfácio
Gente, são seis anos de newsletter! Ainda lembro quando comecei menino-moço no TinyLetter, me perguntando por que as pessoas se importariam em ler qualquer coisa escrita por mim.
Como jornalista, sei que as pessoas podem me ler por causa das informações que eu passo. Mas em uma newsletter feita pra eu despejar meus pensamentos mais subterrâneos e idiotas, por que alguém se importaria?
A verdade é que descobri que eu gosto de escrever sobre o que faço, sobre o que penso e vejo, gosto de encontrar conexões esdrúxulas e elaborar ideias que me ajudem a envelopar o mundo. Porque quando eu tô fazendo isso, eu tô escrevendo, na verdade, sobre mim mesmo. E esse é o único assunto que eu conheço de verdade — ainda que nem tanto.
Eu faço isso desde os 13, 14 anos no finado blogspot. Por isso, quando comecei a trabalhar com jornalismo, aprendi a colocar um naco de mim em cada texto, mesmo que eu esteja escrevendo sobre sadomasoquistas tarados de Brasília ou sobre robôs gigantes assassinos.
Relendo esse parágrafo tão autocentrado parece que eu uso o jornalismo como escudo, porque, se eu só oferecesse a mim nos textos, sem recompensar quem me lê com uma informação útil, eu correria o risco de levar um tomatada na cabeça.
Não sei…
Esses seis anos de PunkYoga me mostraram que eu posso criar conexões que não sejam baseadas na utilidade, mas nas sensações que elas provocam.
E eu tenho ambições obscenas com a PunkYoga, mas a verdade é que a vida adulta não me permite ter tempo nem dinheiro suficientes pra fazer tudo que quero, por enquanto, então, pra celebrar esses seis anos, ofereço aqui a única coisa que tenho de verdade: um naco de mim. Então, toma!
Vai pela sombra e fica na paz de Bowie.
Com amor y anarquia,
Nathan
Nathan, sempre se superando!
Parabéns pelos 6 anos da newsletter!
Obrigado pela referência; fiquei feliz em saber que aproveitou isso. É como você disse no Pósfácio: as conexões são baseadas nas sensações que os textos provocam. São ligações loucas, nada úteis, mas por isso mesmo são muito prazerosas!
Grande abraço!
Parabéns! Fã absoluta da news 🏄♀️🥳🎉